terça-feira, 2 de agosto de 2016

"The world is coming to an end..."

Mickey: "The world's coming to an end, Mal." 
Mallory: "I see angels, Mickey. They're comin' down for us from heaven. And I see you ridin' a big red horse. You're drivin' the horses, whippin' 'em. And they're spittin' and barfin' all on you now..."

Nos anos 90 Oliver Stone criou uma obra de arte, Assassinos Natos (Natural Born Killers). Vi esta montanha-russa numa das salas dos Cinemas Avenida em Coimbra, onde então estudava. O filme está repleto de momentos e tiradas que se colam a nós como a poeira se cola num dia quente de verão em que a pele se cobre de suor. "The world is coming to an end, Mal". Esta é uma das frases que ficou tatuada na minha mente. "The world is coming to an end".
Mickey e Mallory são os assassinos natos do título do filme e acompanhamos esta versão de Bonnie e Clyde numa furacão de sangue e violência completamente frenético e avassalador. Nenhum ser humano normal conseguiria simpatizar com uns verdadeiros Mickey ou Mallory Knox. Tais violência, loucura e distância da lucidez e realidade só podiam existir em filme e por isso mesmo conseguimos olhar para este Assassinos Natos como uma obra e acompanhar com entusiasmo e envolvência  percurso da dupla.
Parecia-me aceitável que simpatizássemos com o Mickey e a Mall pela irrealidade das personagens. Mas agora começo a achar que afinal há gente bem real impregnada de iguais doses de loucura e maldade. E que aquela frase de Mickey podia perfeitamente ser uma premonição.

Nos últimos tempos esta frase tem ecoado na minha cabeça e até a vou repetindo aqui e além, agora e depois. E quase sempre esse murmúrio acontece quando leio ou vejo ou ouço notícias.
Além da situação na Síria e no Iraque, na Líbia, na Eritreia, no Iémen, no Sudão do Sul e tantos outros sítios distantes que não nos ocupam muito (ou nada) do tempo e da atenção, o que temos?
- Temos os atentados terroristas (não escrevi islamistas... são tantos e de tantas origens e motivações diferentes) que servem de combustível para o medo e para o ódio;
- Temos o a ignorância e o alheamento que o são o comburente;
- Temos gente má e movida pelo poder, pelo lucro, pela ganância eu aproveita o combustível e o comburente para provocar o incêndio perfeito.

Nos E.U.A. é cada vez mais consistente a possibilidade de Donald Trump ser eleito presidente. Na Rússia Vladimir Putin governa com cada vez mais descaramento e prepotência. Um pouco por toda a Europa ganham força as visões xenófobas, enquanto que quem tem poder e responsabilidades parece preocupar-se apenas com economia, finanças, dinheiro, bolsas, etc.. Na Turquia uma tentativa de golpe de estado no mínimo muito conveniente serviu de pretexto para uma purga sem precedentes e com graus de violência impressionantes... À vista de todos. 
O que a mim mais assusta é que todas estas situações que enumerei (e podia referir outras em outras coordenadas desta nossa Terra) são validadas por uma boa parte da população desses países. E isso só pode querer dizer que estão muito alheadas e assustadas ou que concordam! E não sei o que é pior.
Assusta-me também que todas estas variáveis pareçam estar a combinar-se para um cenário tenebroso que espero que seja pouco provável mas que vejo, ainda assim, cada vez mais próximo. Conflitos armados de grande escala (não queria muito falar de uma 3.ª Guerra) parecem-me agora muitos plausíveis quando há meio ano atrás nem sequer me passavam pela cabeça.

Sou da opinião, há já algum tempo, que existe gente a mais neste planeta e que é necessária uma limpeza (a História mostra-nos que isto vai acontecendo ciclicamente). Ironicamente, digo eu, esta gente a mais poderá estar a promover a situação ideal para que as catástrofes tomem lugar e assim aconteça a tal limpeza.

"The world is coming to an end, Mal" dizia o Mickey Knox enquanto se ouvia de fundo a deliciosa versão de Sweet Jane dos Cowboy Junkies.

J. entregou uma pizza #politicamente irrelevante, #à fritei a pipoca, #à forças demoníacas


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