sexta-feira, 22 de julho de 2016

Não é o fim do mundo, pois não??



Calvin and Hobbes- Bill Watterson



Eu ainda sou do tempo em que se dizia que depois dos atentados do 11 de setembro de 2001 o mundo nunca mais seria o mesmo. Seria? Na altura, o papão chamava-se Al-Quaeda, personificado na figura de Osama bin Laden. Com o anúncio quase em direto em maio de 2011,feito pelos polícias do mundo, na figura do simpático Barack Obama, da morte do diabo saudita, o mundo respirou de alívio. Era tempo de esquecer os aviões que chocavam com prédios e até os atentados de Londres (julho de 2005- 56 mortos e 700 feridos) e de Madrid (março de 2004- 191 mortos e perto de 2000 feridos) eram coisas do passado.

A crise financeira iniciada em casa dos polícias do mundo trouxe ao léxico comum palavras como subprime e Lehman Brothers. Nada que os mais insuspeitos banqueiros e chairmen  dum lado e do outro do Atlântico  não pudessem controlar,  dizia-se…. A Primavera Árabe, despoletada pela imolação de um jovem tunisino apenas cinco meses antes da épica retirada de cena do tal papão barbudo deixava antever a aurora de um admirável mundo novo. Tão diferente daquele que descreveu Aldous Huxley em 1932. Mas isso é outra história. Perdoem-me, mas acabei há pouco de o ler e ainda estou aturdido pelo embate. Continuando… Os temíveis déspotas que governavam as nações do norte de África e do próximo/médio oriente iam sendo “naturalmente” apagados. O mundo estava quase limpo. A política externa dos polícias do mundo mostrava sinais de mudança. Há muito que não havia cimeiras nas Lajes ou noutro lugar qualquer a promulgar novas invasões. Perdão, novas intervenções militares. No velho continente continuava a correria desenfreada aos boletins de candidatura a essa outra grande casa da democracia e da liberdade chamada UE. Os russos conseguiam que alguns desses boletins fossem extraviados. Mas tudo ia de vento em popa. Uns a contar tostões e outros milhões, mas nada que a Grande história mundial recordasse um dia. Eis senão quando, uns tipos mal encarados denominados deste lado de cá do mundo por Daesh, aproveitam a gasolina que um daqueles temíveis tiranos deixou espalhada nas cercanias, pelo simples facto de não ir em Primaveras, um tal de Bashar al-Assad, e resolvem pegar fogo à barraca. E foi um Ai Jesus!!! Cronologicamente e de forma resumida, perdoem-me se me esqueço de alguma “data”:
- janeiro de 2015 - França: vários ataques incluindo ao semanário satírico Charlie Hebdo fazem 17 mortes;
- fevereiro de 2015 - Dinamarca: Omar el-Hussein, dinamarquês de origem palestiniana, mata 3 pessoas e fere outras cinco;
- junho de 2015- Tunísia: 38 mortes num ataque a um hotel em Sousse, numa zona balnear;
- outubro de 2015, Turquia – Um atentado suicida faz 102 mortos e mais de 500 feridos em Ancara;
- novembro de 2015 - França: Os atentados perpetrados em Paris, no Bataclan e em vários bares e restaurantes no centro da cidade e perto de um estádio causam 130 mortes e mais de 300 feridos. Alguns dias depois no Líbano, um atentado contra uma base do Hezbollah, provoca 44 mortos;
- março de 2016 - Bélgica - Uma dupla explosão no aeroporto de Zaventem e uma outra explosão numa estação de metro, em Bruxelas, provocam pelo menos 34 mortos;
-junho de 2016 - Turquia - atentado bombista no aeroporto de Ataturk, em Istambul, faz mais de 40 mortos e centenas de feridos;
- julho de 2016 - França - O tunisino Mohamed Lahouaiej-Bouhlel provoca a morte de 84 pessoas quando conduzia um camião contra uma multidão em Nice. Na Alemanha, alguns dias depois, um jovem de 17 anos entrava num comboio, em Wurzburgo, com um machado e uma faca e ataca várias pessoas.
Mas que forma enfadonha é esta de estar na vida??? Sempre a arquitetar atentados...
E já agora para recordar alguns mais distraídos, poucos presumo eu, temos neste momento qualquer coisa como 60 milhões de refugiados, um terço deles no Médio Oriente. Raios os partam que continuam a querer atravessar o Mediterrâneo. Assistimos despreocupados à fome que faz a Venezuela entrar em convulsão. A falta de alimentos leva o país ao caos, com lutas por comida nas ruas e multidões invadindo e saqueando supermercados. Sofremos da amnésia coletiva que nos permite esquecer que na Ucrânia, a guerra entre o exército e os separatistas pró-russos já dura há dois anos, fez 9300 mortos e um milhão e meio de refugiados e o conflito não tem fim à vista. E ainda acompanhamos com evidente desinteresse a tentativa de golpe de estado na Turquia, onde mais um daqueles líderes carismáticos administra com primor um dos países do mundo com maior importância geoestratégica.
Mas e que faço eu com este chorrilho de informações chatas e desgraçadamente incómodas, perguntam vocês. Eu??? Eu junto-me a uns quantos milhões deste planeta e vou para a rua ajudar a alimentar os pobrezitos da Niantic Labs e da  Nintendo que criaram um joguito para o meu telemóvel que me permite apanhar 142 criaturas virtuais. O mundo pode esperar, o Pokémon Go não. 
A. entregou uma pizza #àirrevogável

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