sexta-feira, 8 de julho de 2016

Get the F*ck Out of Here!

Brexit, ouviram falar?

Tenho andado num estado de estupefação relativamente a este assunto. Considero que os povos têm o direito (dever?) de dar a sua opinião relativamente ao destino que pretendem dar ao seu país. Os políticos e os opinion makers favoráveis ao brexit têm toda a legitimidade para argumentar no sentido de o Reino Unido deixar de fazer parte da União Europeia, tal como os defensores da permanência têm também o direito de apresentar argumentos que sustentem a sua posição. Os resultados obtidos no referendo do passado dia vinte e três de junho ditaram a saída do Reino Unido da UE.

Os resultados obtidos no referendo determinaram a demissão de Primeiro-Ministro Cameron do cargo que ocupava no Governo Britânico. Normal, tendo o homem defendido a permanência do Reino Unido na União.

(Sou só eu que que acho estranho que o homem que propôs a realização do referendo, numa manobra de pressão sobre a União Europeia e tenha defendido durante meses de forma subreptícia e tão britânica, que se calhar, o UK estaria melhor fora da UE, faça depois campanha pela permanência?E que depois, qual virgem ofendida se demita por não ter conseguido que o seu lado da questão fosse vencedor?)

Pouco tempo depois os partidários da saída do UK vieram reclamar vitória, dizendo que era a vitória da independência do Reino Unido e que o povo britânico era novamente dono do seu destino. A coisa começa a descambar, quando nas semanas seguintes, cada um dos líderes dos partidos políticos e movimentos partidários do brexit começou a abandonar o cargo que ocupava. Baralhados?! Eu confesso que sim. Baralhado e perplexo perante as declarações do ex-líder do UKIP que diz que atingiu o objectivo a que se propôs, que nunca quis ser político e que portanto se demitia do cargo de líder porque tinha conseguido aquilo a que se tinha proposto.

Say what?!
Então este senhor, líder de um partido político nacionalista, vagamente xenófobo, anti-imigração, consegue convencer a maioria do eleitorado britânico a votar favoravelmente a saída do seu país da UE e depois demite-se? Era esse o projecto político? Tirar o país da União Europeia e a seguir virar costas? O que pensarão agora os militantes do UKIP? Que orgulho! Faço parte de um partido político que tinha como único objectivo que o Reino Unido saísse da UE! E a saúde? E a educação? E a segurança? E as políticas económicas? E as finanças do país?

Tempos perigosos estes em que se reduz um projeto político a uma única acção sem ter em consideração as consequências. A libra está em queda livre. Há rumores fundados de fuga de capitais e de empresas para outras paragens. O número de pedidos de informação sobre as condições para aceder ao programa português de vistos gold subiu exponencialmente desde que se soube o resultado do referendo.

Mas espera aí... de que país é que estamos a falar? Do Reino Unido! Aquele país que aderiu à União Europeia em 1973 e que não aderiu ao espaço Schengen e por isso tem controlo fronteiriço (o que não impediu os lamentáveis atentados em Londres), não aderiu à Moeda Única (e por isso tem a libra esterlina como moeda oficial) e na verdade, esteve dentro da União, mas com um pé fora. Então, a saída da UE vai fazer de facto alguma diferença?

É uma boa pergunta. Vamos esperar para ver o que vai acontecer. Para já "os mercados", esses abutres andam a rondar a carcaça ensaguentada do Reino Unido à espera que o corpo moribundo dê o seu último suspiro.

E. entregou uma pizza #à centrão bipolar, #à políticamente irrelevante; #à fritei a pipoca

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